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Elvis da Silva: Arte, História e Biodiversidade em Mosaicos de Pastilhas
Elvis da Silva, de 62 anos, é um artista plástico autodidata que tem se destacado por suas pinturas e exposições em diversas cidades do interior paulista. Natural de Pirassununga, SP, Elvis viveu em várias localidades antes de se estabelecer em Campinas, em 2018, onde mantém seu ateliê atual. Ao longo de sua carreira, desenvolveu um estilo único, que reflete sua paixão por arte e história.
Quando a pandemia o forçou a permanecer em casa, Elvis viu no isolamento uma oportunidade para explorar novas formas de expressão artística. Passou a trabalhar com esculturas de metal, argila e, eventualmente, descobriu sua nova paixão: os mosaicos. Seu envolvimento com essa técnica se transformou em um projeto monumental: em janeiro de 2024, ele concluiu a primeira parte de um mural de mosaico com 89 metros de comprimento por 2,87 metros de altura, localizado na Avenida Presidente Castelo Branco, em Vinhedo, na altura do número 1230. E o projeto não para por aí: em 29 de janeiro, Elvis iniciou a segunda fase da obra, que se estenderá por mais 100 metros de muro, com previsão de conclusão até o final do ano.
A Maior Obra de Mosaico Artístico do País
O mural de Elvis é, atualmente, considerado a maior obra de mosaico artesanal do Brasil, feita pastilha por pastilha, por um único artista, sem o auxílio de máquinas. Cada pedaço de porcelana é cuidadosamente colocado para criar imagens que narram a rica história do Brasil sob a ótica da biodiversidade. Segundo o artista, a obra tem como propósito não apenas embelezar o espaço, mas também educar o público sobre a fauna, flora e a história do país.
“Comecei com o desenho de um jatobá ao vento, depois fiz uma flor de Ipê amarelo, símbolo nacional. Segui com uma helicônia vermelha, típica da Mata Atlântica, e um Uirapuru da Amazônia. Em seguida, retratei borboletas brasileiras e, na sequência, a parte histórica da nossa formação, com as caravelas e a árvore de pau-brasil. Também incluí um sagui, um gato maracajá, cobras e, finalmente, cenas da cultura indígena e da agricultura, com imagens da cana-de-açúcar e do café”, explica Elvis.
Entre Arte e História
A primeira fase dessa obra foi concluída após 180 dias de trabalho, divididos ao longo de um ano e meio, e já é vista como um marco na arte pública brasileira. A segunda parte do mural, que Elvis está criando neste momento, terá um foco histórico diferente. "Agora, vou voltar no tempo e abordar a história das Américas no período pré-colombiano, com desenhos que retratam as civilizações indígenas e os povos originários da América Latina", conta ele.
Embora Elvis seja autodidata, seu interesse pela história e pelas artes sempre foi intenso. Durante três anos, cursou História na faculdade para aprofundar seus conhecimentos sobre os contextos históricos e contemporâneos que influenciam sua arte. Isso se reflete em suas obras, que além de estéticas, buscam provocar reflexão.
“Se eu trabalhasse de forma contínua, poderia terminar o mural em quatro meses. Porém, como tenho outros compromissos artísticos, vou precisar de cerca de oito meses para concluir a obra”, explica Elvis.
Pinturas e Mosaicos: A Produção Contínua de um Artista
Mesmo focado nos mosaicos atualmente, Elvis não abandonou a pintura. Ele continua a produzir cerca de cinco quadros por semana, mantendo seu ritmo intenso de trabalho. Seu estilo é inspirado pelo estudo de Israel Pedrosa (1926-2016), renomado pintor e pesquisador, cujas pesquisas sobre a "cor inexistente" influenciam diretamente a técnica de Elvis. O artista utiliza contrastes de cores e combinações cromáticas inovadoras, criando peças com pigmentos opacos e uma abordagem única.
Em 2024, Elvis terá suas pinturas expostas na Pinacoteca de Jundiaí, em maio, e no Salão de Artes da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em agosto. Para ele, a pintura e os mosaicos são formas complementares de expressão, cada uma com seu próprio poder de transmitir emoção e conhecimento.
O Apoio da Comunidade: Cerâmicas doadas e o Apoio Local
O caminho para os mosaicos não foi fácil, especialmente em termos de custos. Elvis logo percebeu que comprar as pastilhas de porcelana em lojas de artesanato seria inviável. Foi durante uma conversa em uma loja de pisos em Vinhedo que ele descobriu a Jatobá Pastilhas, uma fábrica local que doa refugos de pastilhas de porcelana para artistas e escolas. Essa doação foi crucial para a criação dos mosaicos de Elvis, permitindo-lhe realizar projetos de grande escala como o mural na Avenida Presidente Castelo Branco.
"Fui até a fábrica e saí de lá com minha carretinha cheia de material. Não esperava encontrar essa possibilidade de doação", conta Elvis. Com as pastilhas doadas, ele criou dois painéis na Escola Estadual Patriarca da Independência, onde estudou quando jovem. A fábrica ficou tão impressionada com o resultado que o convidou para usar o muro da própria fábrica como base para o seu projeto artístico.
Durabilidade e Impacto Social
O mosaico de Elvis não é apenas uma obra de arte, mas também um exemplo de resistência. "As pastilhas de porcelana são extremamente duráveis. Elas não se deterioram com a chuva ou o sol, por isso me entusiasmei em criar painéis tão grandes e ao ar livre. Assim, as pessoas podem apreciar a arte e, ao mesmo tempo, refletir sobre a importância da biodiversidade e da história do Brasil", afirma o artista.
As etapas dessa nova obra podem ser acompanhadas pelo Instagram @elvisdasilvaartistaplastico, onde Elvis compartilha o progresso de seu trabalho e interage com seus seguidores.
O trabalho de Elvis da Silva é uma verdadeira celebração da arte, da história e da natureza brasileira. De autodidata a um dos artistas mais respeitados da cena paulista, ele segue desafiando as convenções da arte pública, criando murais que são ao mesmo tempo educativos e esteticamente impressionantes. Seja através de suas pinturas ou mosaicos, Elvis mostra como a arte pode ser uma poderosa ferramenta de expressão e reflexão social.
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